quarta-feira, 23 de junho de 2021

A Saga Wingfeather - Nos limites do Mar Sombrio da Escuridão

 Lançado em português pela primeira vez, o primeiro livro da Saga Wingfeather me surpreendeu. Fazia anos que eu não lia um bom livro de aventura! Eu nunca tinha ouvido falar de Andrew Peterson... O lançamento me atraiu pelas belas ilustrações e pela autoria cristã. Imaginei que valeria a pena... E fiquei boquiaberta! Achei o livro sensacional, com personagens cativantes, enredo impressionante e criaturas incríveis, além de vários comentários divertidos do autor ao longo do livro que me fizeram rir mais de uma vez. O livro prende a atenção. Eu li em quatro dias, mas teria lido em muito menos se não tivesse tantas coisas para fazer. E gostei muito! Até mordi os lábios, amedrontada, em uma das cenas de tensão! Não vou esquecer essa história tão cedo! 

Mas afinal, qual a história?


Janner, Tink e Leeli Igiby vivem em um pequeno chalé, nas cercanias de Glipwood, na companhia da mãe viúva e do avô materno. Após a Grande Guerra, Glipwood não é mais uma cidade pacífica e está sob o domínio de Gnag, o Sem-Nome. Os moradores são constantemente aterrorizados pelos escorregadios Fangs de Dang. Os Fangs são lagartos maiores do que pessoas, cujo coração cruel e mente ardilosa se comprazem em transformar a vida dos cidadãos em um verdadeiro caos. Ninguém pode possuir armas, todos vivem amedrontados e... uma Carruagem Negra passeia à noite, roubando crianças para serem escravas de Gnag.

Longe de se revoltar contra a situação, a família Igiby se resigna, mas Janner, o mais velho, esconde um grande desejo. Ele anseia conhecer novas terras, viver suas aventuras. Janner guarda um retrato de seu pai - de quem sua mãe nunca fala - onde se vê o pai dos Igiby em um barco, com um sorriso corajoso no rosto. Como Janner gostaria de ser livre e valente como seu pai! Mas, ao contrário, ele deve cuidar de seus irmãos mais novos e isso lhe deixa muito irritado. 

A vida parada e tranquila de Janner, no entanto, está prestes a mudar quando Leeli se mete em confusão com um dos Fangs. Seu cachorrinho, Nugget, havia passado na frente do lagarto e o fizera cair. Irritado, o escamoso tentara matá-lo, recebendo em troca um chute poderoso da pequena Leeli. Um Fang machucado por uma garotinha? A criatura destila veneno e mostra as garras, preparando-se para matá-la por tanta ousadia, mas a intervenção de Janner e Tink o impedem. Slarb, o Fang chutado por Leeli, promete vingança... e a vingança de um Fang de Dang é terrível!

A vida dos Igiby nunca mais será a mesma! Slarb está atrás deles, com fome de vingança! Fome mesmo!

E a ameaça não será apenas uma só. Outros acidentes e descobertas revelam que os Igiby não são qualquer um e estão sendo caçados!

Ao longo do livro, Janne, Tink e Leeli se vêem às voltas com inúmeros problemas com os Fangs e até com Gnag, o Sem-Nome. O que o Grande Mal pode querer com os pequenos Igiby? E o que são as Joias de Anniera que ele procura? E afinal, quem era seu pai? Por que ele não sabe o seu nome?

Bem, parece que Glipwood não será mais a mesma para a família Igiby!

Se você gosta de criaturas fantásticas e histórias que te imergem de repente em um novo mundo, este livro é para você! Janner e seus irmãos estão ansiosos para contar a história de suas aventuras, repletas de perigo e de uma boa dose de humor! Vamos, o que está esperando? É a chance de se divertir pra valer!

 

* * *

Quero parar aqui para fazer um elogio à Editora Trinitas por essa edição. Parece que é o primeiro livro que eles fazem de fantasia. E estão de parabéns! Adorei o livro (chegou rápido em casa!). É uma recomendação maravilhosa para crianças de dez anos em diante!

 



 Obs.: Algum católico tem alguma dúvida? O livro é cristão, como eu falei, mas isso apenas nos dá um selo de garantia para a obra: não há nenhuma daquelas palhaçadas imorais que os livros modernos costumam trazer para nossas crianças. Se querem saber se algo me incomodou pelo fato do autor ser protestante, direi que apenas que acho estranho eles dizerem "orar ao Criador" em vez do nosso habitual "rezar". De resto, não há nada influindo na obra. E de novo: recomendo muito a leitura, então compre aqui!


TÍTULO: Além dos limites do Mar Sombrio da Escuridão

AUTOR: Andrew Peterson

GÊNERO: Fantasia

DO MESMO ESTILO DE: O Senhor dos Anéis, Nárnia, Coração de Tinta e A História Sem Fim.

RECOMENDADO A: jovens leitores de dez anos ou mais.

EDITORA: Trinitas

LIVRO ILUSTRADO. TEXTO INTEGRAL.

 







segunda-feira, 29 de março de 2021

O Conde de Chanteleine

Ao sentir o duro e característico contato de um livro sob o papel de embrulho, exultei de alegria. Era meu aniversário. Abri o presente na mesma hora e minha boca se abriu também, para exclamar, surpresa e feliz: "Júlio Verne!". 
 
O nome do autor foi a primeira coisa que fixei com o olhar e esperava encontrar alguma de suas obras conhecidas: "Os filhos do Capitão Grant", "Cinco Semanas em um Balão", "Dois Anos de Férias", que eu conheço muito bem de vista, mas que ainda não tive ocasião de ler. 
 
No entanto, me deparei com um pomposo "O Conde de Chanteleine" e uma ilustração de tirar o fôlego: ali estava o Sagrado Coração dos Vendeanos! Uma história da Contrarrevolução! Como eu nunca tinha visto aquele livro antes? Um exame rápido do livro me deu a resposta: "Censurada pelo seu conteúdo católico e monarquista, "O Conde de Chanteleine" só seria publicado em formato de livro quase dois séculos mais tarde."

Dois séculos mais tarde! Senti como se em minha mão estivesse um jovem resgatado da prisão, após um injusto cárcere. Pior do que isso, um jovem que havia sido levado à prisão na mais tenra idade! Acho que foi esse pensamento que me fez acariciar e beijar o livro em minha estante até o momento de poder realmente lê-lo. Senti que precisava consolá-lo e não via a hora de principiar a leitura.

Finalemente terminei a leitura que estava fazendo e peguei meu amado presente. O Conde de Chanteleine: Uma história de amor de um nobre à sua família e à Igreja durante a Revolução Francesa. 

A história trata principalmente do conde, membro ativo do grupo dos Vendeanos. A guilhotina já trabalha sem parar, privando os nobres da vida, e Paris é antro de profanações e desordem. Nesse meio, o conde guia mulheres e crianças para algum refúgio, onde possam estar a salvo dos Azuis. 

O livro principia com uma ameaça ao Conde de Chanteleine. Um antigo criado de Chanteleine, expulso do castelo por traição, luta pela liberdade, igualdade e fraternidade, mas tem um objetivo secreto: se vingar do tratamento recebido do Conde, tempos atrás. Karval - esse é seu nome - envia um aviso ao Conde dizendo que sua família está em risco. O Conde se aflige imensamente ao compreender que Karval está planejando uma crueldade contra sua esposa e sua filha, e juntamente com seu fiel criado, Kernan, partem rumo ao castelo.

Porém chegam tarde demais. O castelo foi incendiado, não há viva alma nas redondezas. O que foi feito da condessa e de sua filha? Onde estão? Mortas ou aprisionadas? Em meio ao pranto, o conde deve encontrar fortaleza para agir segundo os desígnios de Deus. A ameaça de Karval e a incerteza sobre a vida de seus entes mais queridos lhe atormentam a alma, mas o Conde precisa manter a cabeça erguida ou ela se encontrará logo sob a guilhotina. Felizmente ele conta com a força e confiança de Kernan e valentes, eles vão a Paris, com um disfarce. Mas é mais fácil disfarçar as roupas do que o coração angustiado. Quem não desconfiará de um homem que chora em meio a tantos republicanos que festejam aos gritos? Essa história tem de tudo para interessar, comover e cativar os leitores.

Este é um livro católico, descrito com profundidade e sentimento, união que somente Júlio Verne consegue fazer.  Eu gostei muito do livro, se tornou o meu preferido do autor, e recomendo a leitura a jovens de minha idade, de dezesseis anos em diante. Eu li com calma, pois tive o que meditar com esse livro, chorei, suei frio (a capa do livro ficou molhada), mas amei. De verdade. É um livro incrível até a última palavra.

A edição traz uma extensa explicação do que foi a Revolução Francesa (confesso que tentei ler, mas não passei da metade), além de trazer um mapa da França, com os pontos principais do livro e ilustrações de  diferentes artistas que tornam a obra ainda mais bela. Agora só resta dizer: comprem, leiam e emprestem aos amigos!


Título: O Conde de Chanteleine

Autor: Júlio Verne

Editora: Centro Dom Bosco

Recomendado a jovens de dezesseis anos em diante.

Texto integral.


Os Três Monges Rebeldes


"Cister. Que lugar! Dificilmente poder-se-ia encontrar um lugar menos adequado para dar morada a seres humanos. Era um bosque pantanoso, escuro por causa das amontoadas e frondosas árvores, e úmido com a insalubre umidade dos lodaçais abundantes. (...) Alberico perguntava a si mesmo se seu Abade estabelecia alguma proporção entre afeto e esforço, entre santidade e luta; entre divinização e dificuldades. Se for assim, pensou, Roberto queria certamente alcançar o cume da mais alta santidade para seu pequeno grupo de vinte monges, que na realidade não estavam nada distantes da autêntica divinização, já que Cister significava dificuldades e rude luta."

O trecho acima foi retirado do livro Os Três Monges Rebeldes. O livro narra a história de São Roberto, Santo Alberico e Santo Estêvão Harding, de maneira romantizada, cativante e, sem dúvida, emocionante. Para aqueles que preferem livros com diálogos e gravuras, esse é o ideal!

 Os diálogos, as descrições, toda a narrativa fazem o leitor ser transportado para a Idade Média, introduzido no mosteiro de São Bento e animado pelo vivacidade de espírito e fortaleza de Roberto e seus companheiros.

"Sonhei em fazer homens voltarem a uma estrita observância da Regra, para que, desse modo, pudessem ser cavaleiros de Deus."  

O enredo prende o leitor de tal maneira, que o faz lamentar não estar aí entre os monges. Quantas vezes eu não lamentei durante a leitura! A obra do padre M. Raymond é louvável por sua integridade, mas eu diria que o que lhe confere essa excelência é sua narração tão viva. Ele faz com que os três santos monges ressuscitem para nós, quase como se estivessem ao nosso lado. E quem não quer ao nosso lado modelos de santidade como o deles?

Recomendo a leitura como uma de minhas preferidas, como uma das que mais me fizeram bem. Já faz um ano que li o livro, exatamente. Logo que terminei, estava em tal estado de animação e admiração pela obra dos cistercenses, que fui para o quintal (a pandemia não me deixava ir muito além), peguei na enxada e comecei uma horta. Deu muito certo e se algum dia ponho uma plaquinha, batizo-a Cister. 

 

Título: Os Três Monges Rebeldes

Autor: Padre M. Raymond

Editora: Minha Biblioteca Católica

Recomendado a jovens de quinze anos em diante.

Texto integral.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Coleção A Casa da Árvore Mágica

Eu sei que já tenho 18 anos. Mas quando meu irmão voltou para casa um dia desses com um livrinho chamado Cidade-Fantasma ao Entardecer, eu tive que ler. Ali mesmo, sentada sobre braço do sofá, abri na primeira página. Foi nesse dia que conheci o esperto João e a intrépida Aninha. 
 
São dois irmãos que vivem na Pensilvânia e que têm a sorte de ter uma casa da árvore no quintal. Mas não se trata de uma casa da árvore comum. A partir dali, João e Aninha se veem transportados para outras épocas, para novos lugares, com importantes missões a cumprir e diferentes pessoas a conhecer.
 
Eu não soltei o livro até terminar. Os autores de livros infantis têm o dom mágico de cativar - em todos os sentidos da palavra - o leitor. A linguagem é simples, mas é rica de boas descrições, de detalhes, de ironias saudáveis e divertidas.
 
Eu amei as personalidades de João e de Aninha, a relação que eles têm como irmãos e a maneira como raciocinam e resolvem os problemas, seja no Velho Oeste repleto de vaqueiros, seja na Idade Média, na companhia dos monges. A autora tem uma imaginação incrível e não economiza. No fim da leitura, eu percebi que havia ficado tensa, que havia rido, que havia ficado curiosa. E fazia muito tempo que um livro me deixava assim.
 

Acho que li cinco livros da Coleção - os que meu irmão ainda não tinha lido - mas estou juntando coragem para anotar meu nome na biblioteca só por causa deles. Cada vez que eu terminava um livro, ficava desejando mais!

Sublinho que meu irmão e meu primo amaram todos os livros que leram, que devoraram quantos puderam e apreciaram cada um deles. Mas apesar de terem traduzido muitos, é uma pena que não tenham traduzido todos os livros da Coleção. As crianças lamentam muito quando descobrem que já leram todos...

Muito bem, termino recomendando muito a leitura, como sempre, e desejando que muitas crianças possam ler esses livrinhos e viver aventuras com João e Aninha. Vale muito a pena conhecê-los!

 

Título: Coleção A Casa da Árvore Mágica

Autor: Mary Pope Osborne

Recomendado a: crianças de oito anos em diante.